Nos últimos 20 anos, observações provenientes dos treinadores de alto nível revelam a importância de direcionar o treinamento para a distância competitiva. Assim, o treino pode ser individualizado em 4 tipos: Sprint (50 e 100 m), meio-fundo (200 e 400 m), fundo (800 e 1500 m) e águas abertas (5, 10 e 25 km) (HELLARD et al., 2017). Independente da prova, a carga de treino é a principal variável a ser manipulada para se obter ganhos de desempenho esportivo, ao passo que na literatura são amplamente conhecidas três zonas de distribuição destas cargas (GRECO et al., 2013):
• A primeira zona (Z1; intensidade leve e moderada) corresponde às intensidades igual ou inferior ao primeiro limiar de transição fisiológica ou limiar de lactato (concentração de lactato sanguíneo
≤ 2 mmol•_-1);
• A segunda zona (Z2; intensidade pesada) corresponde às intensidades compreendidas entre o primeiro limiar de lactato até a máxima fase estável de lactato (concentração de lactato sanguíneo ≤ 4
mmol• L-1);
A terceira zona (Z3; intensidade severa) compreende às intensidades de exercício entre a máxima fase estável de lactato sanguíneo até a intensidade associada ao consumo máximo de oxigênio (concentração de lactato sanguíneo ≥ 4 mmol• L-1).
Um nadador olímpico de meio fundo possui um volume anual de treinamento maior (1300 horas ano), comparado a um ciclista de estrada (1000 horas/ano), maratonista (550 horas/ano) e remador (1100 horas/ano). Ainda, nota-se que 77% da carga de treinamento de um nadador de meio fundo é realizada em Z1 (MUJIKA et al., 1995).
Para os sprinters existem dois modelos de distribuição de carga, o primeiro que emprega grandes proporções de cargas em Z1 e Z2 (90%) e o segundo que aplica grandes proporções nas zonas 1 e 3 (85%). Este Para os sprinters existem dois modelos de distribuição de carga, o primeiro que emprega grandes proporções de cargas em Z1 e Z2 (90%) e o segundo que aplica grandes proporções nas zonas 1 e 3 (85%). Este último é denominado como treino polarizado. Um estudo recente apontou que nadadores de 100m obtiveram maiores ganhos no desempenho ao realizar treino polarizado (81% em Z1, 4% em Z2 e 15% em Z3) comparado com treino focado em Z1 e Z2 (65% em Z1, 25% em Z2 e 10% em Z3).
Os autores concluíram que essa vantagem do treino polarizado foi devida ao maior volume realizado em ritmo específico de prova (PLA et al., 2019).
Veja a distribuição de carga de um microciclo polarizado do atleta Leo Schilling:
Referências:
GRECO, C. C. et al. How Narrow is the Spectrum of Submaximal Speeds in Swimming? Journal of Strength and Conditioning Research, v. 27, n. 5, p. 1450-1454, maio 2013.
HELLARD, P. et al. Modelling of optimal training load patterns during the 11 weeks preceding major competition in elite swimmers. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 42, n. 10, p. 1106- 1117, out. 2017.
MUJIKA, I. et al. Effects of training on performance in competitive swimming. Canadian journal of applied physiology = Revue canadienne de physiologie appliquée, v. 20, n. 4, p. 395-406, 1995. PLA, R. et al. Effects of a 6-Week Period of Polarized or Threshold Training on Performance and Fatigue in Elite Swimmers. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 14, n. 2, p. 183-189, fev. 2019. 10 ...
Por Prof. Dr. Felipe Domingos Lisboa | CREF 015846-G/SC
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