A rotina competitiva da natação é muito peculiar, pois é comum que a competição seja disputada durante vários dias e com duas etapas por dia, sendo uma geralmente no período da manhã e a outra no período da tarde/noite. Em torneios como o Sul-brasileiro que ocorreu nessa semana no Clube 12, os atletas nadaram a eliminatória de uma prova pela manhã e as finas já no período da tarde.
Assim, qual o impacto do horário em que a prova é realizada no desempenho?
Nós realizamos um estudo com velocistas catarinenses a fim de responder essa questão (Lisbôa et al., 2018). Onze atletas realizaram, em piscina longa, dois desempenhos de 50 m separados por 7 horas de intervalo (10 vs 17h).
Foram coletadas as variáveis de comprimento de braçada (CB), frequência de braçada (FB), índice de braçada, acúmulo de lactato sanguíneo e todas as parciais do desempenho de 50 m.
Embora o desempenho não foi diferente entre os horários (25,76 s às 10h vs 25,79 s às 17h), houve uma tendência para realização de 1 braçada a mais na prova da manhã. Essa maior FB para o período da manhã e consequente menor FB para à tarde (uma vez que V = FB ∙ CB), sugere que os nadadores adotam diferentes padrões motores para a mesma tarefa em diferentes horários do dia. Além disso, houve uma tendência de um menor acúmulo de lactato no período da tarde, mas essa maior eficiência para esse período não resultou em um melhor desempenho.
Portanto, esse estudo apresenta a importância de que técnicos e atletas adotem diferentes rotinas de aquecimento a fim de otimizar o desempenho nas provas de velocidade. Por exemplo, procurar exercícios que busquem a maior distância por ciclo de braço nos aquecimentos do período da manhã e exercícios que explorem a frequência gestual no aquecimento da tarde.
Veja a tabela comparativa dos resultados obtidos no período 10 vs. 17h.
Referências:
Lisbôa, F. D., Raimundo, J. A. G., Pereira, G. S., Ribeiro, G., de Aguiar, R. A., and Caputo, F. (2018). Effects of Time of Day on Race Splits, Kinematics, and Blood Lactate During a 50-m Front Crawl Performance. J. Strength Cond. Res. 26, 1.
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